Diário do Nidalion - 2º Dia na Resistência

7º dia de Donis do ano de 71 da Era do Fogo

Hoje o dia foi bem mais agitado do que eu esperava. Tuh Ni nem conseguiu me barbear e raspar meu cabelo. Partimos bem cedo da estalagem em direção ao ponto de encontro com as lideranças da Resistência para receber as informações que faltavam para a invasão. Estranhamente o grupo tem uma dinâmica complexa. A liderança é bem clara, mas ao mesmo tempo todos tem um certo grau de autonomia. Nesse sentido eu e Tuh Ni temos a sinergia bem mais clara.

O  caminho foi em sua maior parte tranquilo, até esbarrarmos com o que pelo jeito era o cadáver de uma antiga colega deles. Não chegaram a me falar o nome, mas pelo jeito era uma minerite, e cada um esboçou uma reação bem diferente ao encontrar o corpo. A mulher que vi ontem no grupo se chama Zo'ora, e de todos foi a que se abalou mais com o encontro da colega morta na estrada. Resolveram fazer um enterro para ela em um local próximo da estrada, onde tive a oportunidade de cantar em sua homenagem. Todos ficaram bem perplexos com meu talento.

Seguimos viagem e chegamos ao ponto de encontro com o resto da Resistência e a líder local da missão, uma tiefling bem mal encarada. Montamos acampamento junto do restante do grupo e esperamos até as próximas ordens para invadir a cidade. Detesto essas conversas extensas sobre estrategia de invasão. Todos sabem que bons guerreiros seguem seus instintos e lutam com garra e força. Resolvi me preparar para treinar um pouco com Tuh Ni e convidei outros colegas do grupo.


Arte: https://www.deviantart.com/mara-elle/art/Forest-Clearing-293046145



Meu convite foi aceito por Athel e uma elfa. Fomos para um descampado e lá desafiei os dois a me atingir com o golpe mais forte possível. A elfa falhou miseravelmente, mas por um instante que pisquei, vi o tridente de Athel atravessando minha vista e caindo ao meu lado. Meu coração disparou. Ele não me acertou porque não quis, foi o que pensei de imediato. Eu só não fui transpassado pelas pontas da sua arma porque ele escolheu não me acertar.

Esse draconico tem algo de estranho e excitante. De imediato dispensei a elfa, peguei o tridente e devolvi para Athel sua arma, mas dessa vez, como estamos somente os dois decidimos praticar outro tipo de combate.Um combate que não precisa de armadura alguma. Após aquele momento, voltamos ao grupo e nos preparamos para a operação. Particularmente não me interessei muito pelas conversas e organizações táticas do ataque, me chamou mais a atenção o Hernán, o que dizem ser filho de um dos lideres da Resistência.

O jovem felino, que em geral não é tão jovem em comparação de idade comigo, é bem astuto. Talvez ele nem me considere um possível risco ou acréscimo ao grupo. Seu comportamento é o de uma pessoa que subestima os aliados e adversários, ou talvez eu só não tenha gostado da maneira como ele fala de Trion. Como pode? Alguém não ter noção do que o glorioso Império de Trion já fez e ainda vai fazer pelo mundo inteiro.

Sinto falta de Trion. Mesmo sendo diferente dos que seriam meus iguais, eu sinto muita falta da sensação que é a água cercando o meu corpo o tempo todo. O ar é seco, é estranho. A poeira gruda na pele e fica até um banho. Como eles conseguem viver no meio de tanta sujeira?

- Nidalion, o Mestiço

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