Diário do Nidalion - 3º Dia na Resistência [PARTE 2]

 Quando me afastei do grupo, pude ir em direção ao patio e visualizar melhor as condições do combate. Infelizmente nossa movimentação alertou muito mais do que esperava. Subestimei o inimigo. Além dos guardas rasos, nas muradas surgiram arqueiros diamatrinos. Dos outros prédios se revelaram conjuradores poderosos. Saindo da fortaleza, um nobre de capa e espada em punho tomou a frente daquele conflito. Estávamos no meio do que seria um massacre. Pelo menos foi o que imaginei.

Boa parte do que aconteceu ainda me deixa confuso, mas na movimentação que nos cercou eu tenho relampejes de memorias e momentos. Ymir atacou vários guardas e rapidamente confrontou frontalmente o líder do exercito sem excitar. Zoora e Hernán tomaram a frente com seus feitiços mortais e incontroláveis. Tudo parecia sob controle, até surgir na minha frente aquele colosso de rochas enorme, que se aproveitando de minha falta de atenção, me atingiu com dois golpes fortes na cabeça. Rapidamente o universo se aqueceu. Em segundos o ar de inverno se tornou o inferno. Uma bola de fogo de um conjurador oportunista atingiu o terreno próximo de onde eu estava, e a dor de cabeça latejante deixou de ser uma preocupação.

Resisti ao golpe, mas vi que estava em campo aberto, e aquela criatura não iria desistir de me esmagar ali mesmo. Conjurei o poder de minha espada e lancei sobre a criatura o meu golpe elétrico e mortal, na esperança de deixar a besta confusa o suficiente para me afastar. O monstro sentiu meu primeiro e segundo golpe, e me deu tempo suficiente para evadir e distanciar a confusão. Eu sentia o gosto de sangue preenchendo minha boca, junto com minha visão turva e o cheiro de queimado de minhas vestes. A criatura em poucos golpes foi aniquilada por Hernán. O que diabos são esses caras? Onde eu fui me meter?

Na tentativa de me recompor eu notei que tinha saído do churrasqueira e caído nos espetos. Vi ao longe Athel colocando sua mão para o alto e abaixando rapidamente. Ao meu lado vi um raio atingir o chão e carbonizar dois guardas inimigos. Quem é esse draconico? Não pode ser o mesmo que dividi a cama a dois dias atrás. Essa minha distração foi meu segundo grande erro. A primeira flechada na barriga me tirou todo o ar. Os arqueiros na murada tinham me notado. A segunda flechada foi suficiente para me tirar os sentidos. Nada além de sombras, e logo em seguida, água. Eu nadava. Nada de pó, fumaça ou gritos. Só a água fresca mar. Passei o tempo ali, mas algo me puxou. Puxou com força para cima, e voltei para a poeira e lama.

Acordei caído na lama. O sabor de sangue na boca tinha virado o sabor de terra suja. O relaxamento do desmaio me fez cagar e mijar em minhas roupas de combate. As flechas em minha barriga latejavam. O que ainda me era garantido de visão por toda aquela sujeira que caiu em meus olhos, eu pude ver. A criança, Rhaenerys como chamam. Voavam em uma criatura alada, criada por Hernán, e enfrentava os guardas com sua flechas mortais. A magia que tinha me tirado do mar tranquilo, tinha sido a de Athel. O calor repentino denovo. Meio segundo. Minha pele deixou de doer e dali em diante eu estava anestesiado. Mais uma bola de fogo me atingiu.


https://www.returnofkings.com/28660/the-concept-of-chivalry-has-been-distorted-to-create-subservient-men



Depois de um ponto deixou de ser possível diferenciar os momentos. Vi Ymir matar o líder do grupo. A bola de fogo que me atingiu acabou abatendo um dos membros da invasão que viria de fora. Poderia ter sido eu ali. Morto e carbonizado. O golias morto tinha um nome, mas não me lembro. Muitos choraram e velaram ele. Se eu estivesse morto, quem me velaria? Eu seria só mais um baixa nesse conflito? Eu não quero morrer. Não quero ser esquecido ou morto, coberto de sangue, merda, lama e urina. Eu não posso. Não vou morrer assim.

Tentei me recompor da melhor forma possível. Entrei no predio maior e procurei por arquivos e cartas com informações, mas tudo estava queimado. Na escadaria da fortaleza vi o corpo do nobre. Sua armadura e capa me chamaram atenção. Pilhei sem pensar duas vezes. A capa serviria. Voltei para o patio central.O resto do grupo parecia intocado. Essa luta foi brutal, mas de certa forma é como se eu tivesse sido pego no combate de seres lendários. EU SOU A OITAVA LAMINA RELAMPEJANTE DE TRION, COMO POSSO TER SIDO TÃO HUMILHADO DESSA MANEIRA???

Uma caroço adentrou o forte. Tuh Ni a guiava e avisou que tinha informações dentro da caroça. Peh Gá e Voh Ti, meus dois mensageiros estavam dentro da caroça. Enquanto falavam eu notei o olhar dos dois, me viram completamente quebrado e destituído da minha nobreza. Que lastima, hoje não foi meu dia. Sai da caroça e aguardei o retorno do grupo para os próximos passos. Os membros, Ymir e Athelstan não estavam em lugar algum, mas vi o restante do grupo perambulando pelo forte. O que será de mim com esses monstros?

- Nidalion, o Mestiço

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